Cláusula Contratual Puramente Potestativa: Entenda o Conceito, Limites e Consequências Jurídicas
Ronaldo de Oliveira Castro
No Direito Contratual, as cláusulas são fundamentais para definir direitos, deveres e expectativas das partes. Entre elas, merece atenção especial a cláusula contratual puramente potestativa, por seu impacto direto na validade e no equilíbrio do contrato. Trata-se de uma cláusula que condiciona os efeitos do negócio jurídico exclusivamente à vontade de uma das partes, o que pode comprometer a segurança jurídica da relação contratual. Compreender esse conceito é essencial para evitar nulidades e litígios futuros.
O que é a Cláusula Contratual Puramente Potestativa?
A cláusula puramente potestativa é aquela em que o cumprimento da obrigação ou a produção de efeitos do contrato depende única e exclusivamente da vontade de uma das partes, sem qualquer critério objetivo, externo ou verificável.
Esse tipo de cláusula é, em regra, vedado pelo ordenamento jurídico, conforme dispõe o art. 122 do Código Civil, por permitir que uma parte fique inteiramente sujeita ao arbítrio da outra.
Características principais
Dependência exclusiva da vontade de uma das partes
Ausência de critérios objetivos ou condicionantes externos
Desequilíbrio contratual
Potencial nulidade da cláusula ou do negócio jurídico
Exemplo prático
Imagine um contrato que preveja:
“O pagamento será devido somente se o contratante assim desejar.”
Nesse caso, a obrigação depende exclusivamente da vontade de uma das partes, configurando cláusula puramente potestativa, passível de nulidade.
Diferença entre cláusula potestativa e puramente potestativa
Nem toda cláusula potestativa é inválida.
A cláusula simplesmente potestativa, quando vinculada a fatos objetivos ou comportamentos verificáveis, pode ser válida.
Já a puramente potestativa, dependente apenas do “querer” da parte, é juridicamente reprovada.
Consequências jurídicas
Possibilidade de nulidade da cláusula
Revisão judicial do contrato
Responsabilização por abuso de direito
Insegurança jurídica na execução contratual
Como evitar cláusulas puramente potestativas
Vincular obrigações a critérios objetivos
Definir prazos, condições verificáveis e parâmetros claros
Evitar expressões genéricas como “a exclusivo critério de uma das partes”
Redigir cláusulas com base na boa-fé objetiva e no equilíbrio contratual
Conclusão
A cláusula contratual puramente potestativa representa um risco significativo à validade dos contratos. Seu uso inadequado pode levar à nulidade da cláusula ou até do negócio jurídico como um todo. Por isso, a elaboração contratual exige atenção técnica, clareza e observância aos princípios do Direito Civil, especialmente à boa-fé e à função social do contrato.